Ontem à noite estava revisando o trabalho de psicologia da vida adulta em que discutimos a compulsoriedade da maternidade e terminamos discutindo sobre o papel social da mulher nas sociedades. Ontem também fui ao show da maravilhosa Francisco, el hombre que canta a música que dá título a esse post e fiquei pensando muito no tema do trabalho enquanto ouvia esta música. Foi tanta identificação que cheguei em casa coloquei a letra no início do trabalho.
Triste louca ou máSerá qualificadaEla quem recusarSeguir receita tal
A receita culturalDo marido, da famíliaCuida, cuida da rotina
Só mesmo rejeitaBem conhecida receitaQuem não sem doresAceita que tudo deve mudar
Que um homem não te defineSua casa não te defineSua carne não te defineVocê é seu próprio lar
Que um homem não te defineSua casa não te defineSua carne não te define
Ela desatinouDesatou nósVai viver só
Eu não me vejo na palavraFêmea: Alvo de caçaConformada vítima
Prefiro queimar o mapaTraçar de novo a estradaVer cores nas cinzasE a vida reinventar
E um homem não me defineMinha casa não me defineMinha carne não me defineEu sou meu próprio lar
Ela desatinouDesatou nósVai viver só
Em um primeiro momento tal discussão pode não parecer ter relação com o fazer docente. Mas ao perceber que, segundo o censo do professor de 2007, o quadro nacional de professores e professoras da educação básica é formado por mais de 80% de mulheres e que somos os e as adultas que mais convivem com os jovens e das poucas e poucos que conversam e os ouvem, refletir sobre a socialização feminina se demonstra, acima de tudo, necessária. Compreender que as discussões do gênero devem sim perpassar nosso trabalho e que ensinar nossas alunas que não há um lugar (o da casa) delas, ainda que, sim, elas também possam ocupar esse lugar, mas que elas podem transitar e permanecer em diversos outros. Demonstrar que um homem não as define, a casa não as define, sua carne não as define e que elas mesmas são seus próprios lares.É pra isso que eu sou professora. É nessa perspectiva que me vejo como docente e me preparo para melhor trabalhar em sala de aula.
Olá! Gyane, compartilha um importante tema contemporâneo e os estudos de gênero são fundamentais no contexto escolar - desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Parabéns, continue semanalmente com o teus registros no blog. Abraços!
ResponderExcluirAtt Glauber Moraes
Tutor Seminário Integrador V
PEAD UFRGS