Esta frase tem muitos significados para mim. Ela representa o último período de luta (fazer 53 dias de greve é muito difícil. Dias que não foram de "férias", mas de muita luta). Passei por experiências inenarráveis que ainda preciso refletir muito para conseguir absorver tudo o que aprendi. Aprendizagens coletivas, paciência, garra... Mas acima de tudo, aprendi que temos, como categoria, que "reaprender a aprender". Nossos e nossas alunas têm muito pra nos ensinar.
Esta postagem é justamente para refletir sobre o reflexo das nossas práticas com nossos alunos. Postei alguns pensamentos sobre o PL da mordaça, mas quero agora falar sobre o contrário, do quanto o ensino crítico pode fazer com que formemos alunos pensante e que conseguem refletir sobre sua realidade,
Só voltarei pra escola na segunda-feira, mas na atualidade, com tantas ferramentas de comunicação, é impossível ficar totalmente afastada. Sendo assim, tenho bastante contato com colegas e alunos mesmo que não de forma física. Além de professora de anos iniciais, sou uma das responsáveis da biblioteca na escola. Se por um lado isto é um problema - a falta de profissionais formados na área em escolas estaduais - por outro é maravilhoso. Tenho contato com um grupo bem diferente de alunos. Alguns destes alunos, ou melhor, alunas, são da turma do 9º ano e estão fazendo um trabalho muito interessante de Ensino Religioso. A professora, que é acostumada a trabalhar com Ensino Médio, definiu ni início do ano que sua aula seria muito parecida com a proposta do seminário integrado que eles terão a partir do 1ª ano do E.M. Sendo assim, eles teriam que escolher temas e fazer algumas pesquisas e criar um projeto. Desde o início me deixei a disposição e conversei bastante com alguns deles. Desde que iniciou a greve, me afastei. Esta semana voltei a falar com elas e descobri que os grupos que acompanhei (sobre feminismo e LGBTfobia) terão como projetos "o ensino não-machista de meninos e meninas" e a diferença entre privilégios e direitos". Óbvio que não acredito que isto seja resultado apenas dos nossos trabalhos como professora, mas tenho orgulho em saber que as conversas, as sugestões de leitura, as reflexões que faço podem ajudar na construção de uma realidade não tão opressora. É incrível ver adolescentes se preocupando com sua realidade e tentando intervir nelas. É inspirador e me emociona profundamente.