Ontem eu fiz a atividade e a postagem sobre o que pretendo deixar para os meus alunos. Mais tarde fui a uma atividade das mulheres da frente quilombola de Porto Alegre em alusão ao 25 de julho, Dia da Mulher Negra latino-americana e caribenha. Nessa atividade, eu, mulher branca, fui pra ouvir. Porque sou professora e tenho a mania de discursar, de achar que sei tudo e querer ensinar. fui porque todas as vezes que reclamo de os homens não questionarem seus privilégios, também não questiono o meu de branca. Nunca questionei, por exemplo, se sou feminista ou não. Pra mim é um assunto dado e ver as mulheres negras se questionando se seria um conceito que elas adotam ou não foi um soco no estômago de toda a minha "desconstrução", uma vez que elas não se sentem representadas e incluídas em um conceito que pra mim resume muito da luta que faço. Afinal sou socialista, mas uma socialista feminista, uma feminista que a revolução será feminista, negra e LGBT ou não será. Sou uma professora socialista, feminista, LGBT e que sempre tenta ter uma prática anti-racista. E, como disse Rosa Luxemburgo, não estaremos perdidos se não tivermos desamprendidos a aprender. Fui pra atividade sabendo que como professora branca numa escola de periferia a minha Síndrome de Senhorita Morello¹ é testada a todo momento. Mas ouvi lá coisas, como a do feminismo que não havia sequer refletido ainda e que foi importante ter ido.
Então, talvez o que queira realmente deixar para os meus alunos, seja isso, a capacidade de sempre aprender. De entender que nunca saberemos de tudo e que, se estivermos atentos, estaremos em constante processo aprendizagem.
Mas é engraçado todo esse texto falando sobre ontem já que queria vir falar na verdade sobre um outra atividade, desta vez de linguagem, em que, ao responder o trabalho entendi toda a crise que tenho com meu aluno e que não sabia intervir. Estava quebrando a cabeça pensando em como auxiliá-lo no desenvolvimento da sua aprendizagem. Se eu tivesse feito o trabalho no prazo certo, poderia ter os elementos desde o princípio do ano e não ter perdido tanto tempo. Foi mais uma experiência de que teoria e prática devem caminhar lado a lado, uma alimentando a outra.
¹A crise não muda, é aquela que foi retratada na série americana “Todo mundo odeia o Chris”. A personagem Srta. Morello (Jacqueline Mazzarela) retrata uma pessoa branca que reconhece seus privilégios, mas de forma tão soberba que realmente se acha superior em tudo e acredita que todos os negros dependem de sua ajuda e assistência. Vê se em vários episódios a professora do protagonista da série Chris Rock (Tyler James Williams) com suas “melhores intenções” tentando ajudar o personagem em sua história trágica que criou em sua mente. Fonte https://www.geledes.org.br/eu-um-garoto-negro-e-crise-da-srta-morello/
quarta-feira, 25 de julho de 2018
terça-feira, 24 de julho de 2018
Que marcas da sua prática pedagógica você gostaria de deixar nos seus alunos?
Um dia eu terei que aprender. Aprender a ser menos irresponsável e me prejudicar menos. A última postagem, de março, falava na minha felicidade em ter aula com o Johannes, 4 meses depois vem a segunda postagem. Se eu tivesse o mínimo de senso eu desistiria do curso e não faria as pessoas terem mais trabalho porque eu não consigo trabalhar com prazos e pressão para fazer as atividades.
Mas, vamos lá, acabei de responder a questão "Que marcas da sua prática pedagógica você gostaria de deixar nos seus alunos?". É interessante reponde a essa pergunta porque ela vem martelando na minha cabeça há algum tempo. Respondi com algumas coisas que acho importante, mas ainda assim não fiquei satisfeita com a resposta porque pra mim não é uma conclusão que eu chego quando penso nisso, mas sim processo. Processo de reflexão do que faz com que eu ainda esteja em sala de aula e não queria sair. Por muito tempo foi cômodo permanecera ali. É o que sei fazer e, ainda que eu seja muito crítica com a minha prática pedagógica, espero que faça bem. constantemente estou em sala me perguntando o que quero daquela lugar e o que de mim quero deixar ali. Não tem sido fácil permanecer em sala de aula, mas uma das coisas que me motiva é o contato com as crianças, e principalmente com os adolescentes. Talvez essa minha preferência seja justamente porque os mais velhos já tragam uma bagagem maior e com as quais seja mais fácil ter como ponto de partida, talvez seja porque cada vez mais eu veja como é necessário olhar para esses adolescentes, enxergá-los e ouví-los. Mas pensando em tudo isso, talvez o que eu queira deixar para meus alunos mude a cada momento e dependa de cada um. Não há resposta ainda pra essa pergunta. Não sei se algum dia terei só uma.
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