sábado, 31 de março de 2018

Didática, felicidade e discordâncias

    Quarta passada tivemos nossa primeira aula de didática. Ao responder sobre como seria nossa escola ideal, aquela que construiríamos em outro planeta, muitas colegas se prenderam em no que quem ensonar ou como seriam os alunos (aprenderiam por telepatia, a comunidade escolar seria engajada, etc). 
    Uma das coisas que aprendi esse ano, ao mudar de escola e cidade, é que não escolhemos quem será nosso aluno. Que a realidade das comunidades e do nosso público são os pontos de partida do nosso fazer docente e não como "aspectos que infelizmente temos que lidar que fogem da nossa idealização". Compreender as necessidades e o que cerca a a escola é fazer com que esse aprendizado seja significativo para nosso aluno e nossa aluna. Como avaliar um aluno que foge daquilo que acho que ele deve ser? 
    Um dia após a aula de didática fui comemorar a defesa de mestrado de um amigo. Esse meu amigo poderia ter sido considerado um caso de "fracasso escolar". Ele era um dos alunos que não conseguiam copiar, que perdiam recreio por isso, etc. Ele foi um aluno que iniciou a educação física por sera única matéria que gostava na escola. Na graduação se aproximou da biologia e passou a cursar essa faculdade. Hoje é mestre e está iniciando o doutoramento em uma universidade federal, além de ser um dos professores que mais admiro a prática. Se esse aluno tivesse sido taxado com um rótulo tão pesado como fracasso escolar, conseguiria ele obter sucesso na carreira acadêmica? Talvez, mas dificultaria muito. Não idealizar, mas procurar entender meu aluno e que a avaliação deve ser ponto de partida e não de chegada possa ajudar...


Sobre a felicidade e discordância do título... Como assim minhas colegas não estão todas apaixonadíssimas pela aula do Johannes? Nunca entenderei isso. Dos meus professores favoritos da vida! Fiquei muito, mas muito feliz quando disseram que seria ele meu professor. O acho maravilhoso!

EJA

   Refletir sobre a educação de jovens e adultos é sempre uma tarefa complexa. Muito comum vermos que essa modalidade é tida como um "castigo" para quem está distorção idade/série e tem um comportamento arredio e indisciplinado. A EJA também é o lugar daquelas e daqueles que por diversos motivos não puderam frequentar ou tiveram que interromper seus estudos, sendo assim, é vista como menos importante que o ensino regular. 
   A reflexão que fizemos na aula sobre o assunto em que nos foi questionado o motivo desses e dessas alunas estarem na eja e como se daria a alfabetização deles e delas, além do execício de didática sobre nossas escola ideal a ser construída em outro planeta, faz com que me pareça mais urgente uma crítica e uma reação as decisões dos governos de fecharem o noturno das escolas, de deixar de oferecer ensino noturno e de resumir toda a educação de jovens e adultos em uma prova e o ensino médio até 40% à distância. medidas como essas tendem só a piorar ainda mais o ensino público e priorizar o ensino provado. Estudar essa realidade para que se possa intervir. Como farei um ensino focado no que é concreto e faz sentido para aquele aluno se não tenho contato com ele? Se ministro aula para dezenas de pessoas através das redes? 
    Tenho pensado bastante sobre isso no último período e acredito que as reflexões sobre isso permanecerão ao longo do semestre cursando a interdiciplina.







Acredito ser necessário fazer um parenteses sobre essa interdiciplina. Na realidade, não é exatamente sobre ela. Quando erramos, acredito, ser preciso assumir o que fizemos. Há alguns semestres atrás fiz uma postagem reclamando bastante de uma professora e da interdisciplina que ela ministrava. Ainda que eu tenha diferenças com ela, acredito que muitas das dificuldades encontradas eram, na verdade, falta de disposição minha em realizar as atividades por achar que essas diferenças entre nós tinham uma importância maior do que realmente tem. Aprendi desde então que a professora é exigente, mas é incrível. Passei a admirar muito e tê-la como referência dentro do curso. Não sei se aqui é o lugar para escrever isso, mas como escrevi a reclamação achei justo escrever também a mea culpa.