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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Tristes, loucas ou más

Ontem à noite estava revisando o trabalho de psicologia da vida adulta em que discutimos a compulsoriedade da maternidade e terminamos discutindo sobre o papel social da mulher nas sociedades. Ontem também fui ao  show da maravilhosa Francisco, el hombre que canta a  música que dá título a esse post e fiquei pensando muito no tema do trabalho enquanto ouvia esta música. Foi tanta identificação que cheguei em casa coloquei a letra no início do trabalho.



Triste louca ou má
Será qualificada
Ela quem recusar
Seguir receita tal

A receita cultural
Do marido, da família
Cuida, cuida da rotina

Só mesmo rejeita
Bem conhecida receita
Quem não sem dores
Aceita que tudo deve mudar

Que um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define
Você é seu próprio lar

Que um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define

Ela desatinou
Desatou nós
Vai viver só

Eu não me vejo na palavra
Fêmea: Alvo de caça
Conformada vítima

Prefiro queimar o mapa
Traçar de novo a estrada
Ver cores nas cinzas
E a vida reinventar

E um homem não me define
Minha casa não me define
Minha carne não me define
Eu sou meu próprio lar

Ela desatinou
Desatou nós
Vai viver só
Em um primeiro momento tal discussão pode não parecer ter relação com o fazer docente. Mas ao perceber que, segundo o censo do professor de 2007, o quadro nacional  de professores e professoras da educação básica é formado por mais de 80% de mulheres e que somos os  e as adultas que mais convivem com os jovens e das poucas e poucos que conversam e os ouvem, refletir sobre a socialização feminina se demonstra, acima de tudo, necessária. Compreender que as discussões do gênero devem sim perpassar nosso trabalho e que ensinar nossas alunas que não há um lugar (o da casa) delas, ainda que, sim, elas também possam ocupar esse lugar, mas que elas podem transitar e permanecer em diversos outros. Demonstrar que um homem não as define, a casa não as define, sua carne não as define e que elas mesmas são seus próprios lares.É pra isso que eu sou professora. É nessa perspectiva que me vejo como docente e me preparo para melhor trabalhar em sala de aula.




Um comentário:

  1. Olá! Gyane, compartilha um importante tema contemporâneo e os estudos de gênero são fundamentais no contexto escolar - desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Parabéns, continue semanalmente com o teus registros no blog. Abraços!

    Att Glauber Moraes
    Tutor Seminário Integrador V
    PEAD UFRGS

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