domingo, 28 de maio de 2017

Que texto horrível!!!¹

    Uma das principais discussões daqueles que defendem o famigerado "Escola sem partido", também conhecido como "Escola com Mordaça", é o que definem como ideologia de gênero. Segundo essas pessoas, ao falarmos em respeito e fim da opressão às mulheres e aos LGBTs, estaríamos criando uma ideologia e querendo, em última instância, que todos e todas façam parte da comunidade LGBT.

   Como já faz parte do senso comum, a educação está sempre em crise e não é fácil ser professora. Tenho 40 horas no estado e ainda não possuo a graduação completa, então recebo pouco (e parcelado). Pensando nisso decidi fazer o concurso para Prefeitura Municipal de Alvorada.

   Quem está lendo este texto pode pensar que enlouqueci e estou falando de duas coisas completamente diferentes e que não faria sentido. Calma, explico.

     Ao iniciar a prova (40 questões - 15 de português) me deparo com o seguinte texto: "Educação começa em casa". Inicialmente, apenas a partir do título, não vi maiores problemas, mas iniciei a leitura...

"...Quem não gosta de um homem fino, bem-educado, que abre a porta do carro para sua namorada ou esposa, que tem a delicadeza de presentear-lhe com rosas, puxar a cadeira para ela se sentar? O famoso “gentleman”, tão raro hoje em dia, que na sua masculinidade consegue permanecer com conceitos que não o comprometem nesse sentido, tornando-o o homem mais desejado"

    A suposta "ideologia de gênero" é quando falo em respeito e igualdade de condições? Mas ressaltar o discurso machista de que as mulheres precisam de um homem para conseguir fazer/ter as coisas não é ideologia de gênero? Concordo muito que todos tenhamos que ser gentis e educados com as outras pessoas (não por esperar "algo" dessas pessoas, mas por vivermos em sociedade). Cavalheirismo ou ser gentleman é algo bem diferente de gentileza desinteressada.

    "que não somos animais para recebermos tratamento como se o fôssemos
Bom... Nem sei como argumentar com essa frase. Sim somos animais, aliás, "Os Humanos também pertencem ao grupo dos animais mamíferos (ordem dos Primatas)"². Compreendo o que a autora quis dizer sobre não sermos tratados/não agirmos como seres irracionais, mas este é um texto usado para prova em concurso. A banca não encontrou qualquer outro texto melhor escrito? Sério? Indescritível o sentimento de realizar uma prova para o magistério municipal e me deparar com esse tipo de informação.

   O que mais me preocupa não é exatamente o texto (apesar de tê-lo achado horrível), mas o fato de qual professores e professoras está sendo procurado ao elaborar desta forma a prova. Acho que vou tatuar na testa a frase "a crise na educação não é crise, é projeto"



¹ Frase que escrevi ao lado do texto enquanto fazia a prova
²http://www.todabiologia.com/zoologia/animais_mamiferos.htm

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Continua sendo difícil, mas melhorou

Fiz uma postagem um tanto dura há alguns dias criticando uma interdisciplina. Não me arrependo de ter escrito ( ainda mais porque algumas colegas leram e concordaram de forma bastante contundente, mesmo que não queiram se expor), mas também reflito que ela foi feita em momento de desespero (se não fosse minha irmã e a tutora eu teria surtado) e que a aula dessa semana tenha me acalmado bastante.

Entendi muito do que não havia entendido e fiquei tentando lembrar se eu não tinha prestado atenção ou se realmente não havia sido explicado daquela forma para gente. Talvez um pouco de cada,mas tenho me sentido mais confiante. Pela primeira vez desde que iniciei o curso estou com as atividades em dia e estudando com regularidade. Tenho me organizado mais e conseguido dar conta. Espero terminar o semestre (e o curso assim, mas sei que será uma tarefa difícil, ainda que tenha provado que não é impossível)

Gestão democrática

Estava lendo o texto sobre gestão democrática para realizar atividade da interdisciplina "Organização Do Ensino Fundamental" e como disse na atividade 
"Engraçado vir responder isso hoje, pois vi minha diretora rir da expressão "gestão democrática". Entendo ela estar irritada pela CRE estar obrigando a mudar o calendário da escola, mesmo que pela lei de gestão democrática a escola teria autonomia. Mas a risada foi porque a supervisora precisava da ata do conselho escolar que teria debatido este mesmo calendário e essa ata não exatamente de uma reunião". 

Temos lidado com uma Secretaria da Educação e uma Coordenadoria cada vez mais antidemocrática e isso vem se refletindo nas salas de aula. Em Porto Alegre um professor foi posto à disposição de sua escola por trabalhar sobre a Ditadura Militar. Sabemos de muitos casos em que os professores são afastados de suas escolas por perseguição política, mas normalmente essas perseguições são veladas e escondidas (ano passado foram inventadas 3 atas contra um professor sem que ele tenha assinado nenhuma delas depois que ele apoiou a ocupação da sua escola). O diferencial desse caso é que ele foi oficialmente, constando em sua ata de afastamento, tirado da escola por estudar a ditadura. Ele é professor de história, se não der aula da história do que dará?

Outros exemplos são de as CREs irem até às escolas grevistas procurarem qualquer infração perdoada em outras para poder puni-las, obrigas às direções a punir os professores grevistas, orientar a descontar pontos de quem está em estágio probatório, etc.

Vivemos em época de leis da mordaça, de perseguição política de professores, de tentativa de controle ideológico das salas de aulas por gestores, por vereadores e famílias. Falar em gestão democrática agora não só é importante, como é fundamental!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Avaliação mediadora. Reunião/ formação pedagógica


Tive, na minha escola, uma reunião pedagógica que discutiu em cima do livro "avaliação mediadora" da Jussara Hoffmann. Essa reunião/Formação ocorreu porque nos foi imposto uma nova forma de trabalho e Avaliação em que os alunos passam a receber conceitos e não notas. E no 4° e 5° ano um conceito globalizado. Entretanto, independente do motivo que levou a fazermos essa discussão,  acredito que ela tenha sido muito proveitosa. 


No vídeo (um resumo do livro preparatório para concurso) foi debatido as diferenças entre 


Ensino tradicional -em que a avaliação se centra nas notas e boletins que promove uma cera seletividade e causa a reprovação. Essa reprovação causa evasão escolar. A avaliação é vista como um enunciado que comprovaria resultados). Aluno condicionado a "tirar nota' 5 ou 6, não precisa se desenvolver mais do que isso. Memoriza, é obediente e passivo; 

Promoção automática - e é feita a reflexão de que se antes era realizada a penas as provas finais para conseguir resultados, agora nem essa prova é feita. Jussara faz, segundo o vídeo, a ponderação de que a avaliação é feita mesmo que o/a aluno/a não possa ser reprovado.

Avaliação mediadora - Busca o máximo desenvolvimento possível. Busca a aprendizagem, que os e as alunas compreendam, participem e questionem. Avaliação como processo em que percebe-se o ponto de partida no que o aluno ainda não aprendeu. Seriam princípios dessa avaliação: (1) oportunizar muitos momentos de apresentar suas ideias;  (2)Oportunizar discussão a partir de situações desencadeadoras; (3) Realizar várias atividades individuais; (4) ao invés do certou ou errado fazer comentários dizendo onde errou para ajudar; (4) transformar os registros em avaliações significativas.

Decidi fazer este relato para poder esquematizar o que vimos e ter que retomar os conceitos para escrever a postagem e por achar que faz sentido com o que temos estudado. O debate foi rico e ajudou a dar continuidade à discussão que temos feito na escola.

Por outro lado, tive algumas críticas ao vídeo por centrar que o problema da avaliação seria o professor, a escola e a equipe por não dar conta de uma avaliação diferenciada. Mas se levarmos em consideração que estamos tendo que nos adaptar (e mesmo que já fosse ideia da nova supervisora mudarmos a forma de avaliar) por estarmos sendo obrigada a mudar toda a forma que avaliamos nossos alunos, é vazia a crítica apenas aos professores e equipe, pois não temos autonomia para debatermos nem nosso calendário de aulas (mesmo que no estado tenhamos a lei de gestão democrática, CREs e SEDUC não respeitam) imagina nossa avaliação...

A principal conclusão que chegamos foi que é difícil mudar a estrutura da avaliação que sempre fizemos e mudar muito mais por nossos alunos do que por uma cobrança externa.

Sei que não sou boa aluna, mas essa interdisciplina está fazendo me sentir burra

Todos temos dificuldades com algumas disciplinas. Isso não é só comum como normal, mas nunca imaginei que ficaria irritada com uma interdisciplina como estou com Projeto Pedagógico em Ação. Não só porque o nome não tem absolutamente nada a ver com o conteúdo (e se tem relação, faltou ser explicada. Aliás, como tudo na interdisciplina). Mal entendemos o que são projetos de aprendizagens e querem que a gente faça em conjunto, com turmas diferentes. E pra fazer o mesmo projeto com toda a turma? E pra fazer o mesmo projeto com todas as turmas? Não sei. Até isso é confuso no trabalho (sim, estou fazendo as atividades atrasadas. Mas aí olho no grupo do whatsapp da turma e muitas pessoas dizendo que estão perdidas. Não posso ser só eu). Se a resposta pras perguntas anteriores é sim, eu definitivamente NADA entendi do que significa projetos de aprendizagem. Se é não, então o que é pra fazer? Estou escrevendo tudo isso aqui pra não estourar e ser mal educada com as pessoas. Mas sei que devo procurar a tutora pra falar sobre isso. 
Mas Giany, a professora estava semana passada para tirar as dúvidas. Por que não foste até o polo pra falar com ela? Porque as 13h, que foi a hora que foi enviado o e-mail dizendo que ela estaria la, eu estou trabalhando e não posso ver e-mail. Se tivesse sido avisado antes, provavelmente teria ido lá conversar com ela. Em resumo, quarta tem aula avaliativa e eu não tenho ideia do que devo fazer.



Em tempo: Postagem feita em momento de desespero. A tutora Cátia me acalmou e não nos deixou surtar (mais)

domingo, 21 de maio de 2017

BOI e FORMIGUINHA

Analisando minhas postagens reparo no quanto continuo  a me boicotar e quebrar as promessas que fiz e faço a mim mesma ao escrever sobre as atividades. Obviamente a maior parte das minhas postagens são descritivas uma vez que tendo as escrever tudo no final do semestre ao invés de fazer as atividades e vir postar. Fazer a análise com outra pessoa foi legal por ter outro ponto de vista sobre aquilo que escrevemos. Consensuamos nas minhas postagens, mas ao refletirmos em conjunto fui percebendo que tendo a achar postagens mais curtas não são reflexivas quando podem ser. Mesmo que não seja uma reflexão aprofundada e precisasse de alguma complementação, são reflexivas. Por outro lado, uma postagem extensa não é necessariamente uma boa postagem apenas pelo seu tamanho Fiquei lembrando dos alunos em processo de alfabetização que não acham que MAR, BOI, LUA, SOL, etc não são palavras por terem apenas 3 letras, mas que acham que FORMIGUINHA não pode significar um animal tão pequeno. Talvez essa postagem seja “uma viagem”, mas se a ideia é refletir, fiquei pensando um tempo sobre isso depois de ter feito a tarefa

Iniciando Organização e Gestão da Educação

    Acabo de postar a atividade de uma nova interdisciplina. Nesse trabalho precisei conceituar os seguintes termos a partir da minha experiência DEMOCRACIA, ESTADO,GLOBALIZAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, NEOLIBERALISMO, POLÍTICA, POLÍTICAS EDUCACIONAIS, POLÍTICAS PÚBLICAS,  PODER, FORÇA, GESTÃO, AUTONOMIA, CIDADANIA, PROCESSOS COLETIVOS E PARTICIPATIVOS.

    Minha irmã. que já havia também respondido esse exercício achou que eu adoraria responder. Mas ela estava enganada. Não porque o assunto não seja do meu interesse (grande parte do meu tempo e dos meus interesses se relacionam com esses conceitos), mas justamente por lidar tanto com eles que sei o quanto minhas definições podem ser polêmicas e o quanto já me estressei com professores por não acreditar, por exemplo, que democracia é a penas a representativa; que globalização é um novo nome pra imperialismo ou que cidadão é conceito criado para negar a luta de classes, 


    Levo muito a sério a frase ¨Ser professor e não lutar é uma contradição pedagógica¨, portanto, alguns desses conceitos fazem parte do meu vocabulário cotidiano. Talvez não com o mesmo significado adotado por algumas teorias, mas para isso deve haver um debate e não a imposição de que um conhecimento - o acadêmico - deveria se sobrepôr a outro - o feito pelos movimentos sociais e políticos.



quarta-feira, 3 de maio de 2017

Tristes, loucas ou más

Ontem à noite estava revisando o trabalho de psicologia da vida adulta em que discutimos a compulsoriedade da maternidade e terminamos discutindo sobre o papel social da mulher nas sociedades. Ontem também fui ao  show da maravilhosa Francisco, el hombre que canta a  música que dá título a esse post e fiquei pensando muito no tema do trabalho enquanto ouvia esta música. Foi tanta identificação que cheguei em casa coloquei a letra no início do trabalho.



Triste louca ou má
Será qualificada
Ela quem recusar
Seguir receita tal

A receita cultural
Do marido, da família
Cuida, cuida da rotina

Só mesmo rejeita
Bem conhecida receita
Quem não sem dores
Aceita que tudo deve mudar

Que um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define
Você é seu próprio lar

Que um homem não te define
Sua casa não te define
Sua carne não te define

Ela desatinou
Desatou nós
Vai viver só

Eu não me vejo na palavra
Fêmea: Alvo de caça
Conformada vítima

Prefiro queimar o mapa
Traçar de novo a estrada
Ver cores nas cinzas
E a vida reinventar

E um homem não me define
Minha casa não me define
Minha carne não me define
Eu sou meu próprio lar

Ela desatinou
Desatou nós
Vai viver só
Em um primeiro momento tal discussão pode não parecer ter relação com o fazer docente. Mas ao perceber que, segundo o censo do professor de 2007, o quadro nacional  de professores e professoras da educação básica é formado por mais de 80% de mulheres e que somos os  e as adultas que mais convivem com os jovens e das poucas e poucos que conversam e os ouvem, refletir sobre a socialização feminina se demonstra, acima de tudo, necessária. Compreender que as discussões do gênero devem sim perpassar nosso trabalho e que ensinar nossas alunas que não há um lugar (o da casa) delas, ainda que, sim, elas também possam ocupar esse lugar, mas que elas podem transitar e permanecer em diversos outros. Demonstrar que um homem não as define, a casa não as define, sua carne não as define e que elas mesmas são seus próprios lares.É pra isso que eu sou professora. É nessa perspectiva que me vejo como docente e me preparo para melhor trabalhar em sala de aula.