segunda-feira, 6 de agosto de 2018



Entendo a intenção da charge e dela ter sido postada na interdisciplina (Não basta saber ler que 'Eva viu a uva'. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho - o que eu concordo muito), mas foi impossível não me remeter diretamente ao fato de que todos e todas parecem querer entender mais de educação do que quem vive a realidade da escola. Alunos e alunas devem ser atores da sua aprendizagem, mas existe intencionalidade pedagógica em toda a proposta de atividade que realizamos em aula, mas a todo instante somos questionados sobre o que estamos fazendo e porque não fazermos do jeito que acham sempre que está mais correto do que o nosso. Postei antes sobre os alunos questionarem o fato de que nem sempre há cópias nas aulas e eles entenderem que isso não é aula, pais e responsáveis questionarem porque não envio temas de maneira sistemática, isso sem falar em projetos famigerados como escola com mordaça e governantes que querem que a educação seja regida por resultados em avaliações externas.

Artes

Tava olhando a interdisciplina de linguagem para procurar um texto e vi a postagem da música maravilhosa que a prof nos levou na primeira aula e fiquei pensando sobre a postagem que fiz sobre os desenhos e como a minha relação com meus alunos se modificou desde que passei a usar não só artes plásticas, mas também outras artes para trabalhar com eles. Apresentar novas músicas (mesmo que sem relação direta com o conteúdo), respeitar e ouvir as músicas que eles propões (ainda que às vezes as problematize), trabalhar com imagens, com vídeos, fotos, tem melhorado muito a nossa relação e a relação deles com a aula e atividades que não seja só cópia. Ainda que eles reclamem quando não copiam, afinal, não é aula. Esse é um conceito difícil de modificar neles (e nem vou falar nos pais).

Perguntas

Nos foi solicitado pensar em 5 perguntas ao fazer o planejamento das aulas. Minha resposta foi

1.Qual a realidade dos meus alunos?

2. O que planejei promove a aprendizagem significativa para meus alunos?

3. O planejamento atenderá as necessidades dos meus alunos?

4. Qual a importância desse aprendizado?

5. A minha avaliação tem de fato ajudado readequar meu planejamento?

Não sei se levo sempre essas perguntas, mas as considero fundamentais. Ainda mais quando a gente observa que muitos colegas utilizam a realidade do aluno em conta na hora da avaliação ("tadinho, não tem como exigir dele, olha onde mora/como é a família") e não na hora de planejar uma forma de adequar suas aulas para trazer a realidade de seu público para que o aprendizado seja significativo. Aliás, pensam na avaliação apenas como dar ou não notas - mesmo quando a avaliação é feita por conceitos - e não como ponto de partida pra observar pra onde direcionar suas aulas.

Quem é o aluno ou a aluna da EJA?

São alunas e alunos  adultos trabalhadores que não tiveram a oportunidade de estudar na série regular e adolescentes que muitas vezes são encaminhados para EJA, porque estavam com uma distorção idade séries grandes e causavam “tumulto” no turno regular.

Ali, a maior dificuldade é lidar com o tempo. Trabalhar na rua e/ou nas atividades domésticas o dia inteiro e ir pra escola a noite é algo difícil, por mais dedicado que seja esse ou essa aluna, o cansaço muitas vezes é um obstáculo muito grande. Além disso, como aponta o texto, dificuldade de operação com categorias abstratas, dificuldade de utilização de estratégias de planejamento e controle da própria atividade cognitiva, bem como pouca utilização de procedimentos metacognitivos (Oliveira, 1995).

Pensar é  o planejamento  para essa modalidade é necessário refletir sobre a realidade e o contexto sócio-histórico, geográfico e cultural destes e destas alunas refletindo sobre a promoção de suas habilidades e construção do seu conhecimento.

Tecnologias em educação ou sobre saudades


Tenho sentido bastante falta da minha antiga escola, em especial do trabalho na biblioteca. Estar nos meio dos livros e do trabalho com "os grandes" me faz muita falta. É inegável que eu prefiro trabalhar com os adolescentes e não tenho nenhum perfil para trabalhar com o ciclo da alfabetização. Ano passado fiz um trabalho com os 9°s anos sobre os livros de um autor que eles gostam bastante e que iria nos visitar. Como já trabalhavam há alguns anos com esse mesmo autor, conheciam seus livros e as histórias, então propus, junto com a professora de português, que filmassem trailer dos livros para apresentarem às outras turmas. Eles tiveram uma aula sobre o assunto - booktrailers - e debatemos como fazer. A resposta foi muito legal. Eles releram os livros e se envolveram ativamente na construção da visita e do trabalho com o autor. Utilizaram o celular para uma tarefa pedagógica e se sentiram envolvidos no processo. Pesquisaram sobre edição, sobre como gravar, utilizaram as tecnologias para além de ter a mesma matéria que seria passada no quadro projetada nesse mesmo quadro, de assistir filmes, etc. Queria poder postá-los pra mostrar o quão bom ficaram, mas o acordo ano passado é de que não iria para o YouTube ou seria divulgado

domingo, 5 de agosto de 2018

Desenhos

Logo no início do semestre fui em uma formação que falava sobre os desenhos e a ligação com a escrita. Que desenhos não eram "apenas desenhos", mas a forma de os alunos estruturarem aprendizagens, de desenvolver sua coordenação e de fazerem relação com a escrita. Tirei várias fotos da atividade e pretendia postar para estruturar melhor o que queria escrever, mas demorei - demais - a fazer e meu celular foi furtado. Mas enfim, passei a aplicar em sala algumas das orientação e ideias do que foi apresentado na palestre e observei meus alunos do segundo ano passarem exatamente por esse processo. Não tem a ver com talento para o desenho, mas conforme eles avançavam e avançam na sua alfabetização, é possível notar um avanço na estruturação dos desenhos e de como os organizam para realizá-los. Foi importante isso pra mim que nunca havia dado aula para um 2º ano.
Sei que estou sendo repetitiva, mas a questão sobre que marcas quero deixar para meus alunos tem me feito pensar muito. Há alguns dias uma amiga que também é pedagoga escreveu em uma rede social que 


"Hoje a  (nome de outra pessoa) compartilhou uma publicação muito importante. A essência era como pais e mães devem agir para educar princesas rebeldes!
Eu fiquei pensando o quanto é difícil educar mesmo quando a gente ainda tá aprendendo que: 1. Ninguém pode nos calar pela imposição do tom de voz ou a postura corporal. 2. Que nossas ideias tem valor mesmo quando o outro diz a mesma  coisa e ganha estrelas e você se quer e escutada 3. Que o choro, ainda que deva ser valorizado, pode e deve ser transformado em potência para ninguém te destruir!
Eu sou profe de muitas pequenas e pequenos. Além de torna-lás rebeldes espero poder torná-los também menos apegados aos seus "privilégios imediatos". Começa nessa idade. Aqui a profe ensina que " ser chamado de menininha" é sinônimo de muita força!
Convivo com muitas mulheres fantásticas também e perante a maioria me sinto sempre uma pequena, uma estudante sedenta de aprender com elas! 
Espero todos os dias educar e ser educada!"



E acho que isso é parte do processo das marcas que eu gostaria que minha prática pedagógica deixassem em meus alunos e, principalmente, em minhas alunas. Essa capacidade de que o choro delas é importante, deve ser respeitado e isso é sinônimo da imensa força que têm. Que meninos também podem chorar e que isso não é demérito. Que ser menininha é um elogio e não um xingamento, Que eles e elas possam ser quem almejarem ser, sem ser tolhidos ou reprimidos

Afetividade

Para Wallon a afetividade tem papel importante na aprendizagem. Acredito que quem está em sala de aula, e acredita naquele espaço, tende a concordar com essa frase. Muitos professores acreditam em Maquiavel em que o "poder" se consegue pelo amor ou pelo medo, preferencialmente pelo medo. Não à toa são os mesmos que se consideram príncipes e que suas palavras são lei. A afetividade pressupõe respeito e valorização. Significa elevar a autoestima de nossos alunos e isso faz com que seja positivo estar em aula

Avaliação

O que é avaliação... Responder essa questão em meio a meritocracia,  que muitos acreditam que a avaliação é feita apenas para rotular alunos, que professores bons são aqueles que rodam muitos alunos, etc. Avaliação é um assunto muito debatido e pouco realmente refletido nas escolas. Na escola em que atuava até ano passado, fui voto vencido no debate sobre mudar todo o currículo e a forma de ensino  para adequar às avaliações externas. Se a avaliação é processo, é feita cotidianamente, se deve ser ponto de partida, como alguém que nunca viu meus alunos pode, a partir de uma prova descontextualizada, falar sobre a aprendizagem deles? Isso me lembra muito o debate do boicote ao ENADE e a responsabilidade pela qualidade do ensino das faculdades recair apenas nos alunos. Como se estrutura, quadro docente, valorização da educação não fosse parte fundamental disso.

Inovação tecnológica x inovação pedagógica


Adianta propor em sala de aula todas as novidades tecnológicas sem inovar na prática pedagógica? Qual a diferença entre copiar do quadro e copiar de um slide?
A inovação pedagógica é quando ocorre uma ruptura com o tradicional, onde o professor se dá conta, que a aula tem que romper as barreiras do quadro negro e do livro, fazendo de outros espaços, um ambiente de saber. Fazendo com a construção da aprendizagem se dê através da relação do aluno com o mundo que o rodeia. Isso tudo ocorre, com o auxílio da tecnologia. Mas atentando ao fato de que nada adianta mudar os recursos, se a metodologia permanecer engessada.

Desafios da EJA

(Já que não consegui colar no local certo, posto aqui)

Ainda que possivelmente não leia as palavras/frases, ao menos aqueles e aquelas do ciclo de alfabetização, o aluno da EJA, já faz a leitura do mundo e reconhece informações do seu cotidiano. Em seu texto, Hara traz um pouco do que acontece na sala de aula da EJA no Brasil, dissertando sobre as dificuldades que os educadores encontram, na alfabetização de adultos. Tais desafios seriam: (1) A evasão. Já que o corpo discente desta modalidade geralmente trabalha fora e/ou em suas tarefas domésticas e chegam ao fim do dia, geralmente horário das aulas, com cansaço grande acumulado do dia; (2)  fator social. Muitos destes e destas alunas estão à margem da sociedade, muitos não são alfabetizados ou letrados. A maioria faz parte da parcela mais pauperizada da classe trabalhadora, apresentando doversas dificuldades cognitivas que não tiveram acesso a escola no tempo regular de escolarização. E isso gera esse exclusão na vida em sociedade. Se a língua, a leitura e escrita tem poder, logo esses alunos não são empoderados no seu ambiente social. 

 Hara (p.9, 1992) formula uma questão essencial ao pensar na Educação de Jovens e

 adultos  “O que está incentivando alguém a procurar alfabetizar-se depois de adulto? 

“ Prossegue, “São várias as respostas para essa pergunta, como a busca por um emprego melhor ou uma 

melhor posição no atual emprego, ajudar os filhos com os deveres escolares, além de se sentirem 

mais pertencentes a sociedade.

O processo de alfabetização desses adultos precisa ser dialógico com a realidade deles e

 delas, que suas vivências sejam ponto de partida para a aprendizagem e que possam desenvolver a 

leitura crítica do mundo, da sociedade, da sua realidade. E que se vejam como sujeitos, como 

atores capazes de transformar essa realidade.


Referência bibliográfica:

HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992

Temas geradores

Eu estava realizando as atividades sobre tema geradores e me apareceu a imagem abaixo


Entendo que há temas que são necessários propor e que muitas vezes o trabalho em sala de aula será feito com assuntos que somos nós que trazemos e não dos alunos. Mas me causa esse estranhamento olhar pra uma tabela que sugere, pra não dizer impõe, temas por série ignorando completamente quais turmas terão e como elas serão. Isso me faz lembrar as colegas que fazem um caderno de planejmento uma vez e permanecem os reutilizando até o fim dos dias sem mudar uma vírgula.

ETICs, estágio, semestre e a vida

A última atividade da interdiciplina de ETICs é sobre como utilizar as tecnologias em educação em aula e o que pretendemos realizar no nosso estágio. É impossível realizar essa atividade sem pensar no estágio e no quão próximo o curso tá do fim. Eu desisti da minha outra graduação e quase desisti desta. Assumo que não sou a pessoa mais empolgada com a pedagogia e que minha falta de organização pra realizar as atividades e a procrastinação eterna não é só falta de tempo, ainda que essa escassez no meu tempo seja bastante importante, mas também é reflexo de uma ansiedade em fazer minhas atividades da vida terem sentido e no momento permanecer em sala de aula seja tão difícil. Estudar e refletir sobre como ser uma professora melhor e como auxiliar melhor meus alunos na construção do seu conhecimento quando tenho 40 horas em sala de aula e, sendo uma semana após a data que eu deveria ter recebido, não ter notícias do salário. É triste, é desesperador, é frustrante. Quero terminar o curso, quero permanecer em sala, mas tá cada vez mais difícil.