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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

descobertas surpreendentes

Para iniciar, convém esclarecer os termos. Epistemologia é teoria da ciência ou o
estudo do conhecimento científico. Genética pode ter dois significados muito diferentes
entre si. O primeiro é relativo à genética, ramo da biologia que estuda a transmissão dos
caracteres hereditários; o segundo é relativo à gênese. Com relação ao termo genética,
nos interessa o segundo significado. Genética é relativo à gênese, ou seja, origem.
Epistemologia Genética é o estudo da gênese ou origem do conhecimento humano.

"Epistemologia genética" de Tania B. I. Marques Arquivo


Confesso que esse foi um parágrafo revolucionário na minha vida. Não lembro de já ter lido sobre esta definição de genética. Acho que tudo que já li do Piaget  ou sobre ele faz mais sentido

(obviamente que isso pode ser resultado de uma falta de atenção minha, mas estou realmente impactada com esse parágrafo)

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Nossos limites

Aprendi há algum tempo que temos que saber respeitar nossos limites. Alguns desses limites podem nos impedir de fazer cisas que deveríamos, como o limite físico e mental, mas outros nos mostram que nem sempre podemos tentar extrapolar. Ano passado assisti 13 reasons why. Essa é uma série estadunidense, adaptação de livro com mesmo nome, que explica os treze motivos que levaram Hannah Baker a cometer suicídio. Assisti a série sabendo que em algum momento ela seria pesada demais pra mim e que deveria parar, não o fiz e tive uma crise depressiva nos dias que se seguiram. Tive a mesma sensação agora ao assistir Vênus Negra para a disciplina  Escola, Cultura E Sociedade. Conhecia a história de Saartjes Baartman e sabia que seria pesado. Mas tentei assistir. Não acho que terei a mesma reação que tive com a série (que não sabia a história e assisti quase todas as cenas que me fizeram tão mal), mas estou abalada por ter visto esse vídeo. Ainda mais depois de hoje ter lido a letra da música que diz "Vou socar na sua b***** sem parar, E se você pedir pra eu parar não vou parar", depois de toda a repercussão de "Taca a bebida, Depois taca a p*ca e abandona na rua" que me faz perceber que a situação da mulher, ainda mais da mulher negra, pouco mudou. Li um comentário no filme de que toda vez que assiste a globeleza lembra da Vênus Negra. Como discordas?

Em que modelo você se encaixa?


Disciplinas de psicologia sempre são um tanto complicadas pra mim. Ainda que eu já tenha querido cursar a graduação, acho que me traumatizei com as disciplinas que fiz no início da outra graduação e sempre reluto em fazê-las. Mas, não é sobre isso que eu queria falar.

Uma das atividades que precisamos fazer esse semestre - deveria ter sido lá no início, eu sei - está um quadro em que dividiríamos as características dos modelos epistemológicos de aprendizagem. Fiz um recorte de 4 das categorias de análise.



Categorias
Modelo Epistemológico
EMPIRISMO
APRIORISMO
CONSTRUTIVISMO

Conteúdo/
Conhecimento


Professor decide Aluno copia

O aluno já tem uma sabedoria , apenas precisa trazer a tona  
Professor percebe as necessidades dos alunos. Propõe o assunto e faz a mediação na construção do conhecimento

Professor
O detentor do conhecimento
Interfere o mínimo possível
O mediador na construção da aprendizagem. Ensina, mas aprende com o aluno
Sujeito
Professor
Aluno
Professor e aluno
Objeto

Fator exógeno
Herança
genética
Ação do sujeito no
meio físico e social
Ao  ter que classificar, logo ter que pensar sobre cada um e, como disse na postagem professor reflexivo, "não refletir sobre nosso fazer docente é ficar parado no tempo e não contribuir, ao menos não tanto quanto poderia, no processo de ensino-aprendizagem", fiquei tentando analisar em que categoria me encaixo. Defendo desde o início do curso de que todos nós fazemos discurso em defesa do construtivismo, mas muitos ainda costumam seguir o empirismo. Percebo que, na tentativa de negar o empirismo, segui características do apriorismo e ainda o faço. Mas também fiquei feliz em me dar conta que, principalmente a partir dos projetos de aprendizagens, tenho sido menos apriorista, muito menos empirista e caminhando para o construtivismo

Democracia racial, Rafael Braga e Racionais

Estava relendo um texto que problematiza a questão da democracia racial e vi o comentário de alguém defendendo o mito da democracia racial e da miscigenação como "comprovação" dessa democracia (numa  leitura bastante débil e simplificada de Gilberto Freyre). A leitura desse texto se deu para a continuação do trabalho de Seminário VI em que trato do caso do Rafael Braga (Rafael Braga era um homem jovem que trabalhava catando material para reciclagem nas ruas do Rio de Janeiro para poder sobreviver. Vivia em situação de rua, pois a passagem era muito cara para ir e voltar todos os dias da casa em que morava com sua família. Em junho de 2013 foi detido ao chegar no lugar que dormiria. Foi apreendido com ele 2 garrafas de plástico, uma de Pinho Sol e outra de desinfetante. Na delegacia, os policiais que o apreenderam apresentaram as garrafas abertas e com panos. Ele foi acusado de portar material explosivo, que seriam coquetéis-molotov) e dos casos de guerra seletiva às drogas;

Ao ler isso me veio prontamente na cabeça a música racistas otários do Racionais em que eles cantam


O Brasil é um pais de clima tropical
Onde as raças se misturam naturalmente
E não há preconceito racial. 

Mas principalmente a risada sinistra que se ouve depois de terem falado essa parte da letra.

Fiquei pensando sobre o quanto o discurso de democracia racial e guerra às drogas são usados apenas para inviabilizar a luta do povo negro e oportunizar O rotineiro Holocausto urbano (ou genocídio da juventude negra)

síntese reflexiva

Encerrei há pouco a escrita da primeira versão da síntese reflexiva do 6 semestre. Muitas coisas me passam na cabeça ao escrever as sínteses as aprendizagens, os pensamentos, a prática em sala de aula, o não ter feito as atividades no tempo correto, não poder ter feito o documento completo porque faltam ainda atividades pra fazer que poderão complementar a escrita final, etc


Mas esse documento foi realizado de forma diferente. Ao ter que analisar um filme e utilizar as aprendizagens feitas ao longo das atividades do semestre foi possível relacionar e entender de fato qual a unidade pensada para desenvolver as aprendizagens. Esse são 2 aspectos que o PEAD tem em vantagem a muitos cursos: a escrita de um texto que nos faça refletir sobre o ensino-aprendizagem e nossa ação em sala de aula e também a possibilidade de estudarmos em unidade. A maioria das outras modalidades tem disciplinas que se misturam e terminam sendo conteúdos diferentes que precisam se conciliar na formação de quem está cursando. Mas ao pensar os temas de maneira que  aprendizagem tenha uma unidade, ainda que sob diferentes ângulos, faz com que a aprendizagem tenha sentido de verdade.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

   Assistir ao filme ‘Como estrelas na Terra’ para iniciar a escrita da síntese das aprendizagens me fez lembrar muito da postagem Sujeitos com altas habilidades/ Superdotação, uma vez que, se o professor Nikumbh não tivesse notado a dislexia do Ischan, é possível/provável que ele fosse mais um caso de fracasso escolar. Se a minha falta de formação fez com que eu não suspeitasse de uma possível alta habilidade de um aluno, se nenhum outro professor notar, é possível que ele passe o resto da vida escolar sendo taxado de rebelde, de aluno chato e de inquieto sem que a escola consiga de fato formá-lo em toda a sua potencialidade, exatamente como quase aconteceu à Ischan.

    Ainda que o filme romantize um pouco a realidade do que estava ao alcance do professor fazer e das possibilidades que ele teria de auxiliar esse aluno, acredito seriamente que todo professor deveria assistir a esse filme com a intenção que consigamos observar nossa prática e refletir se ela é inclusiva ou exclusiva. Se ela é exclusiva, no que posso modificá-la.

Popper, formatura e 10 anos de universidade

Acabo de me dar conta que faz exatamente 10 anos que meu nome saiu no listão do vestibular. Bixo nas Ciências Sociais - Licenciatura - diurno. 30º lugar num curso com 100 vagas, Ímpossível não ficar martelando sobe tudo isso no período em que muitos amigos estão defendendo seus tccs, enquanto outros estão passando na seleção do doutorado. Saber de tudo que poderia ter feito e tudo o que fiz desde então. Já escrevi diversas vezes no blog sobre o fato de me auto-sabotar e o quanto minha irresponsabilidade tem relação com isso. Que poderia - deveria - ter me formado 5 anos atrás, mas fui viver a universidade esqueci dos meus estudos. Não nego que foi uma experiência vital pra mim. Hoje que estuda na UFRGS, mas não vivo o seu cotidiano, sei o quanto me faz falta e o quanto foi fundamental pra ser quem sou hoje ter vivido o cotidiano da universidade. Todo esse texto foi iniciado por ter usado Karl Popper, um físico que é estudado em epistemologia, para falar sobre o conceito de falseabilidade. Esse foi uma das últimas aprendizagens que tive nas ciências sociais e me deu uma nostalgia absurda. Não consigo negar: de verdade? não sou a maior fã da pedagogia. A faço porque amo meu trabalho e quero contribuir mais para a aprendizagem dos meus alunos. Quero muito ser orientadora escolar e sei que as aprendizagens no curso me serão fundamental. Mas também que as que tive na cso serão importantes na minha prática e na minha vida

Ética, regras e trânsito

Fazendo uma atividade de filosofia sobre ética, lembrei de um debate que sempre tenho com minhas turmas e com pessoas em geral sobre regras no trânsito.

A primeira vez que aconteceu esse debate foi porque em uma turma de 3º ano do ensino fundamental, uma aluna que tinha entre 8 e 9 anos me disse que andava no banco da frente do carro e que não teria problemas porque o pai dela era policial militar e que se parassem eles em alguma blitz, os deixavam passar. Num primeiro momento fiquei estarrecida, mas combinamos de voltar o assunto em aulas seguintes. Levei um vídeo para eles sobre acidentes de carro. Falava sobre cruzar o sinal vermelho e não usar o cinto no banco de trás. Fiz o debate com eles sobre as regras não serem seguidas apenas pelo medo de serem punidos, mas que as regras e as punições existem por motivos concretos, e no caso do trânsito, para salvar as vidas. Discuti com a aluna sobre o perigo dela sentar no banco da frente não só pela idade, mas também pelo tamanho (ela era ainda menor que a média das crianças da idade dela) e o porquê de estar errado ela sentar no banco da frente.

Desde então, uso esse debate pra discutir com meus e minhas alunas sobre regras e punição. Que não é o medo de punição que deve nos fazer seguir ou não uma regra, mas as consequências dela. Se eu entender o motivo por trás da regra, posso decidir se posso ou não transgredi-la. Afinal, muitas vezes, as regras também precisam ser transgredidas. Cabe ao indivíduo a capacidade de reflexão de qual pode ou não.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

igualdade, equidade e liberdade



 “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais,  humanamente diferentes e totalmente livres”

Rosa Luxemburgo

Imagem relacionada
Essa frase tem uma importância enorme pra mim. Ela é um dos meus norte de vida, militância e prática docente. 


Não acredito que ignorar as diferenças e agir como "se todos fossem iguais" é um erro. Somos diferentes e isso não é ruim. As diferenças sim ser evidenciadas e valorizadas. 

Ao fazer o trabalho de QERED e dizer que “as práticas educativas que se pretendem iguais para todos acabam sendo as mais discriminatória” Me fez muito lembrar de 2 situações:

  • A primeira foi a foto de Copacabana do início do ano e nossa crise de senhorita Morello de Todo Mundo Odeia o Chris. "A personagem Srta. Morello (Jacqueline Mazzarela) retrata uma pessoa branca que reconhece seus privilégios, mas de forma tão soberba que realmente se acha superior em tudo e acredita que todos os negros dependem de sua ajuda e assistência". Como nos faz refletir o texto publicado no Geledés - Instituto da mulher negra, muitas vezes até temos boas intenções, mas terminamo por subestimar e tratar de forma inferior, mesmo que sem intenção consciente.


  • A segunda situação que lembrei foi quando um aluno me perguntou se era ruim ele seguir religião de matriz africana, ou batuque como ele chamou, pois sua professora anterior, ao questionar a todos alunos quais usas religiões, disse que a dele não era assunto pra tratar em sala de aula. Não a toa crianças que seguem religião de matriz africana afirmam que a escola é o pior lugar onde mais se sentem discriminadas em relação a sua religião. A ex-professora desse meu aluno não criticou a religião que ela discordava, ela "apenas" ignorou o assunto e disse que as outras religiões eram assunto de debate em aula, aquela não.







  • Por fim, de verdade, o que defendo não é nem mesmo a equidade, mas a liberdade 




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Inclusão

   Muitas vezes me dou conta de que preciso me controlar no trato com os e as colegas de profissão. Me incomoda tanto alguns discursos de culpabilização dos alunos que acabo fazendo o mesmo com os e as profs. Precisei pedir para a professora que atende o AEE da minha escola responder um questionário. Essa colega não trabalha na minha escola, mas já trabalhou e lembro que outros colegas da escola diziam que ela era professora do aee, mas que na verdade era ela quem precisava do atendimento porque "ela que é inclusão". A mesma coisa é dita de um funcionário da escola que possui algumas dificuldades na compreensão do que lhe é solicitado. Olho pra tudo isso, pra forma como eu já reagi a esses comentários (rindo e muitas vezes os repetindo) e me dou conta que a primeira barreira pra acontecer uma inclusão real é a gente para de rotular e passar a entender que não é favor ou que é "anormal". O problema nem sempre são os outros. muitas vezes somos nós.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Sujeitos com altas habilidades/ Superdotação.

A vantagem de e fazer um curso relativo ao trabalho que já fazes é a possibilidade de manter a relação entre prática e teoria de forma cotidiana. Ao ler sobre Sujeitos com altas habilidades/ Superdotação, foi impossível não enxergar de forma nítida um dos meus ex-alunos. Sempre fazemos relação com nossas salas de aula e com quem identificamos a partir das leituras, vídeos e debates, mas esse debate sobre alunos com altas habilidades me fez refletir sobre como sempre nos preparamos e tentamos observar os alunos que apresentam dificuldade de aprendizagens e rotulamos esse aluno como menos capaz. Não como alguém que possivelmente apenas não tenha se adequado ao sistema decora conceitos e os reproduz nas avaliações. 

  Me dar conta do quanto esse aluno se encaixa em praticamente todas as características do texto me fez pensar também nos problemas em fazer a graduação quando já em sala de aula. O quanto eu poderia ter auxiliado esse menino se tivesse identificado tais características quando ele era meu aluno, o quanto poderia ter diminuído um possível sofrimento dele nos anos sequentes em que ele foi taxado de rebelde, de chato, etc. 

  Já fui bastante subestimada pelos meus colegas por acreditar nas habilidades dos meus alunos e por querer que fossem mais críticos do que reprodutores de matérias que decoraram, mas ao fazer o debate ano passado sobre adequar todo o conteúdo das aulas para tirar boa nota em avaliações externas fiquei pensando no quanto sou eu a equivocada em não querer que eles apenas marquem o x na resposta correta. Talvez tenha ficado muito confuso, mas estou escrevendo enquanto vou pensando sobre o texto, o debate e o "soco no estômago" que foi me dar conta quanto poderia ter ajudado meu ex-aluno e pela minha falta de formação não consegui ajudar.