Fazendo uma atividade de filosofia sobre ética, lembrei de um debate que sempre tenho com minhas turmas e com pessoas em geral sobre regras no trânsito.
A primeira vez que aconteceu esse debate foi porque em uma turma de 3º ano do ensino fundamental, uma aluna que tinha entre 8 e 9 anos me disse que andava no banco da frente do carro e que não teria problemas porque o pai dela era policial militar e que se parassem eles em alguma blitz, os deixavam passar. Num primeiro momento fiquei estarrecida, mas combinamos de voltar o assunto em aulas seguintes. Levei um vídeo para eles sobre acidentes de carro. Falava sobre cruzar o sinal vermelho e não usar o cinto no banco de trás. Fiz o debate com eles sobre as regras não serem seguidas apenas pelo medo de serem punidos, mas que as regras e as punições existem por motivos concretos, e no caso do trânsito, para salvar as vidas. Discuti com a aluna sobre o perigo dela sentar no banco da frente não só pela idade, mas também pelo tamanho (ela era ainda menor que a média das crianças da idade dela) e o porquê de estar errado ela sentar no banco da frente.
Desde então, uso esse debate pra discutir com meus e minhas alunas sobre regras e punição. Que não é o medo de punição que deve nos fazer seguir ou não uma regra, mas as consequências dela. Se eu entender o motivo por trás da regra, posso decidir se posso ou não transgredi-la. Afinal, muitas vezes, as regras também precisam ser transgredidas. Cabe ao indivíduo a capacidade de reflexão de qual pode ou não.
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