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domingo, 29 de maio de 2016

Greve, ocupações e a aprendizagem de tudo isto.

   Já ouvi algumas vezes, de diversas pessoas diferentes que a luta educa. Que lutarmos pelo que nos parece justo e pelo que acreditamos faz com que aprendamos a não sermos resignados frente a vida. Sempre levei este ensinamento muito a sério e consigo perceber e toda a realidade que me rodeia o quanto ele é verdadeiro.
   Nunca gostei de falar em público. Minha timidez e minha insegurança sempre foi uma barreira gigantesca para que conseguisse expressar minhas opiniões. Mas a vida nem sempre faz com que os sintamos o tempo todo confortável. Sendo assim, um dia - há alguns anos - organizamos o 1º Encontro de Mulheres UFRGS na Faculdade de Direito. O encontro foi um sucesso e no primeiro dia haviam 300 pessoas presentes. Me foi dito que eu precisava falar pra todas estas pessoas. Não mediar mesa ou dar informes, mas fazer falas políticas. Quase morri, suei frio, gelei, mas fiz. E todos os anos depois fiz falas em passagens nas salas de aula enquanto movimento estudantil. Participei de inúmeras discussões sobre opressão e outras disputas politicas. Isto me deixou preparada para lidar com situações em sala de aula, isto fez com que minha atuação em sala de aula fosse modificada e, por último, fez com que fosse muito mais fácil as passagens escolas como comando de greve. Há uma frase do Paulo Freire que eu concordo muito que é "Ser professor e não lutar e uma contradição pedagógica".

   Outra experiência incrível que pude e posso presenciar é o movimento de ocupação das escolas no estado. As alunas e os alunos demonstrando na prática que estão inconformados com a situação da educação e QUEREM estudar - apesar de muitos os acusarem de querem bagunça. Estar nas ocupações me faz refletir sobre o quanto o nosso sistema educacional falha com estes alunos. Afinal, na maior parte delas, vemos aqueles alunos que sempre faltam, que nunca entregam os trabalhos e que são arredios, tomando a frente e organizando as e os colegas. Disciplina é essencial para organizar o trabalho, concordo com isto. Mas quando ela é apenas imposta, as pessoas se rebelam; quando ela é construída coletivamente, ela não é só respeitada, como todos contribuem para isto e é esta a experiência que tenho das ocupações. Ver as alunas e os alunos organizando aulas, palestras, grupos de estudos sobre assuntos que eles sabem ser importantes, mas também que eles querem me faz pensar sobre como devemos ouvir os alunos e não só nos discursos, mas na prática. Tento entender aqueles colegas que são contra o movimento de ocupações - dar aula pra aluno crítico é mais difícil do que para aqueles que aceitam de maneira dogmática o que o professor fala - mas me entristece que não tenham percebido a riqueza deste momento e o quanto podemos aproveitar. Há inclusive a iniciativa de alguns pesquisadores de começar um estudo sobre a pedagogia das ocupações. Na última sexta-feira, 27/05, ocorreu um debate na FACED/UFRGS que infelizmente não pude comparecer. Por fim, concluo com uma faixa dos alunos da escola e que conclui o ensino fundamental (e que foi essencial na minha escolha de profissão)
"Não somos desocupados. Estamos ocupando o que é nosso."

terça-feira, 10 de maio de 2016

Seminário, LIBRAS e postagens no blog

   Eu estava tão empolgada no ENE em fazer as postagens quena primeira foi fwita lá mesmo. Iniciei o rascunho da segunda, mas não sei como apaguei e não consegui retomar. Entrei umas 3 vezes pra fazer, mas acho que desenvolvi um bloqueio (ok, é drama, mas é só a forma de introduzir o assunto).
   Das coisas que mais queria falar sobre o ENE, pode ser contemplado ao falar da aula da última quarta-feira em que iniciamosna interdisciplina de LIBRAS. Das minhas lutas por inclusão (que tem mais a ver com os grupos oprimidos - mulheres, negras e negros e LGBT), trouxe um enorme respeito e solidariedade por todas e todos os que históricamente tiveram que se adaptar para a sociedade pudesse aceitá-los. E a luta de surdas e surdos vai muito ao encontro de tudo que sempre acreditei.
   A luta desta comunidade pela sua identidade, por ser sujeito da sua história e não apenas por não ser o que é "normal", por ser falta. São uma comunidade com identidade e luta própria, com organização e exigências de tudo que é necessário não para serem aceitos, mas para fazer parte da sociedade sem essa visão de caridade dos ouvintes.
   Ter a sua LÍNGUA aceita como oficial no país que por cerca de um século proibiu sua forma de cominicação é um ganho gigantesco. Ter garantido por lei e por decreto o ensino de sua língua aos futuros e futuras professoras é, sem dúvida, um ganho enorme. ENTRETANTO, esse ensino - uma disciplina por graduação - é insuficiente. Temos que refletir sobre a inclusão e o quanto estamos excluindo aquelas e aqueles alunos que deveríamos ensinar, mas que não somos verdadeiramente preparados a isso. Acho que deveríamos - todos que se pretendem professores - tornarmos bilíngues,  não só por facilitar em algum aspecto nossa vida (como no exemplo da prof de conversa a distância mesmo para quem é ouvinte), mas por saber que  poderemos receber alunos surdos em nossas salas. Por mais que seja exigência da comunidade surda, nem sempre será possível estabelecer as escolas específicas e o que faremos nesse momento? Nem apoiadores para alfabetização temos nas escolas - e deveria ser obrigatório depois do PNAIC - muitas vezes temos turmas com mais de 30 alunos, mesmo com alunos de inclusão. Quem garantirá - ou mesmo cogitará a possibilidade - interpretes em sala de aula?


  Mas retomando o ENE. Uma das melhores experiências, e sobre o que falei no início desta postagem, foi que tínhamos intérpretes e elas foram extremamente ativas durante o evento. Foi um encontro, ou a etapa regional do encontro,  que discutiu muitos aspectos da educação e nos mostrou na prática um dos aspectos que tanto nos preocupa cotidianamente.

Intérprete de LIBRAS durante o ENE